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O homem que volta ao mesmo rio, nem o rio é o mesmo rio, nem o Homem é o mesmo homem


Foto: Imagem: Arquivo Pessoal Wilson Acácio
Wilson Acácio, presidente do CBH Preto e Paraibuna, na Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais

Wilson Acácio - Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Afluentes Mineiros dos Rios Preto e Paraibuna.

“O homem que volta ao mesmo rio, nem o rio é o mesmo rio, nem o Homem é o mesmo homem”. (Heráclito, 535-475, a. C.).

Quase todas as cidades, em escala mundial, foram construídas as margens dos rios justamente para aproveitar de suas águas para as mais diversas atividades, principalmente para matar a sede das pessoas.  Nos tempos remotos, estabeleceu-se uma cultura de se jogar o esgoto gerado nas casas para dentro dos rios, com a falsa ideia de que ele não sentiria os impactos de tal ato. O problema é que as cidades cresceram e a quantidade de esgoto também. De modo geral, a vazão dos rios não são suficientes para depurar a sujeira e o que detecta é um grande valão de esgoto, um fluxo de águas escuras e fétidas, com pouca ou nenhuma diversidade de vida, a não ser de bactérias anaeróbias que exalam no ar de nossas cidades com aquele nauseante cheiro de ovo podre. Nas últimas décadas os nossos rios, devido ao elevado processo de urbanização, servem também para receber todo o tipo de lixo e entulhos gerados nas residências e nos diversos setores produtivos, provocando sérios problemas de assoreamento, além transbordamentos na época de chuvas. O nosso Rio Paraibuna é o reflexo de tudo isso que aqui estamos aqui afirmando!

Se água é vida e dependemos de forma quase indispensável dos rios, o que podemos dar de retorno é só destruição? Já passou da hora de mudarmos nossa relação com os nossos rios, córregos, ribeirões, lagos, seja nas cidades ou no campo, realizando atividades e ações juntos aos diversos segmentos da sociedade para que se mude o status quo. Os recursos hídricos é um bem natural de valor ecológico, social, econômico e cultural cuja utilização deve ser orientada pelos princípios do desenvolvimento sustentável. As nossas mãos podem destruir a natureza ou torná-la cada vez mais saudável, produtiva e protegida. No passado histórico, na região da Bacia Hidrográfica do Rio Paraibuna, principalmente em função da cultura cafeeira e de outras atividades produtivas, constituiu-se numa das áreas de Minas Gerais onde as “nossas mãos” mais destruíram os ecossistemas nativos existentes, inclusive os recursos hídricos.

Como no dia 22 de março comemora-se o Dia da Água, no dia 24 de novembro foi instituído o Dia do Rio, objetivando conscientizar os nossos governantes, empresários e a sociedade em geral a preocupação que devemos ter com eles e a escassez da água em muitos rios brasileiros. Nesta semana a televisão nos mostrou que na região do Pantanal matogrossense, rios caudalosos no passado, estão completamente secos, constituindo-se em verdadeiras estradas empoeiradas! Diante deste preocupante cenário, durante esta semana o CBH Preto e Paraibuna, em parceria com diversas instituições, está desenvolvendo ações e atividades nos trinta municípios inseridos em nossa bacia hidrográfica para que se debata os sérios problemas em relação aos nossos cursos d’água.

Em comemoração a esta importante, no Dia do Rio, o CBH Preto e Paraibuna, realizará uma caminhada às margens do Rio Paraibuna, que corta a região urbana de Juiz de Fora, a fim de conscientizar e sensibilizar os juiz-foranos para a caótica situação em que se encontra o rio. Além dos conselheiros do Comitê, esperamos contar com a presença de diversos segmentos da sociedade para que possamos alcançar os objetivos propostos para as comemorações do Dia do Rio. A concentração será a partir das 8h30, próximo à Ponte de Santa Teresinha, com saída da caminhada em direção ao Parque de Exposição às 9h; com retorno imediato após chegada ao Parque. Agindo assim, o CBH Preto e Paraibuna cumpre o seu papel de despertar junto à sociedade os impactos negativos nos rios, bem como os crimes ambientais provocados em nossos cursos d’água.


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